quinta-feira, 21 de abril de 2005

Avante, Camaradas... (não, não, não...)

Hoje tive o prazer (ou não) de ter na Escola dos Colóquios o Sr. Exmo. Director do Jornal Avante, para nos falar um pouco sobre o 25 de Abril. Nada curioso, fui a este colóquio e lá o que encontrei o que estava à espera: um comunista (Sr. Exmo. Director do Jornal Avante) que falou de toda a sua experiência de vida durante o Estado Novo, e que não falou em quase nada sobre o 25 de Abril. Desde o início da aula, duas questões me atormentavam. Tinha de fazer uma das duas. A primeira era sobre o porquê da Ponte Salazar ser 25 de Abril e se concordava com que a Ponte fosse apelidada de Salazar. A segunda era sobre a descolonialização e se concordava com os termos na qual esta foi feita. Escolhi a primeira. Não sendo eu bruxo ou coisa do género, e vá-se lá saber porquê, sendo a pessoa (o Sr. Exmo. Director do Jornal Avante) a quem fiz esta pergunta quem é, respondeu negativamente à minha questão. Burburinho na sala, alguns risos despoletam das vozes ignorantes de quem ouve. E logo depois, o Sr. Exmo. Director do Jornal Avante tentou explicar a sua ""tese"" (?) de uma forma que eu julgo ser a do Sr. Exmo. Director do Jornal Avante de explicar qualquer que seja a tese: o comunismo. Reparem a pregunta: ... Ponte Salazar ... . E eis que este me vem falar das pontas de cigarro que apagavam nele, nas pessoas que atiravam das janelas a baixo e depois fazendo passar com que as pessoas se haviam suicidado... Enfim, um rol de explicações dignas do... Sr. Exmo. Director do Jornal Avante. Da sua fantástica oração, aquilo que de mais destro que disse o Sr. Exmo. Director do Jornal Avante foi que as pessoas não deviam esquecer as barbaridades que haviam sido cometidas durante o Estado Novo. Não deviam esquecer aquilo que durante 48 anos se passou. E agora pergunto as vós, leitores ocasionais do Rádio dos p{H}antasmas: Devemos esquecer quem edificou a Ponte Salazar, a maior ponta do Mundo (aquando da sua construção)? Ou devemos esquecer aqueles que durante apenas dois anos (1974-1976) arruinaram aquilo que tanto custou ao velhinho António de Oliveira Salazar a amealhar? Afinal devemos esquecer o quê? Ou não devemos esquecer... ? Sinceramente o Sr. Exmo. Director do Jornal Avante acabou por confirmar o que eu penso do comunismo, e que a mais do que qualquer força política se pode aplicar um dos termos muito em voga... "falam falam, falam falam...".

E já agora... Eis um artigo com algum conteúdo útil no blog (ou então é só uma tentativa gorada...).

1 comentário:

Anónimo disse...

Ora bem, também estive presente no tal colóquio e admiro a tua coragem ao teres exposto a tua questão embora discorde. Porquê?

1)Como cidadão português sentiria-me desrespeitado se a ponte agora 25 de Abril mantivesse o seu nome primário. Não deixa de ser sua obra é certo, mas o que o Dr. Oliveira Salazar representou para Portugal não deve ser esquecido, e mais que isso não deve ser motivo de orgulho para ninguém.

2)Economicamente, e como tu referes no teu texto, Portugal era um país muito mais equilibrado na era do Estado Novo. Nada mais verdade. Não tirando mérito ao trabalho de Salazar nesta área, penso que as questões sociais e a garantia dos direitos que cada um deve usufruir são muito mais importantes que uma “simples” balança comercial positiva. E afinal ter garantias económicas para quê se este não as canalizava para a melhoria do nível de vida da população?

3)É certo e sabido que o senhor em questão era declaradamente comunista, e que em algumas assuntos se alargou para questões ideológicas e politicas que pouco nos interessavam pois não era esse o intuito do colóquio. Contudo será necessário fazer um esforço para compreender toda a experiência de vida deste homem e, por sua vez, todo o sofrimento que este regime lhe causou, sendo perfeitamente justificável tamanha revolta contra o mesmo. Talvez não seja assim tão fácil, pois citando alguém nosso ilustre “ se não o sentes não o compreenderás”.

4)Admito que certas posições desse senhor não estejam adequadas à realidade dos dias que correm, reflexos naturais de uma vida de luta, sofrimento e tortura nas prisões politicas. È que as memórias e os ideais desse tempo são difíceis de apagar senão mesmo impossíveis. Deveremos então deixar as politiquices de lado e deixar de frisar 1001 vezes que o senhor é Director do Jornal Avante, e realçar o seu espírito de luta e de coragem contra um regime que lhe torturou apenas por ter ideais contrários.

Pronto deixei expressa a minha opinião mas como já alguém sabiamente dizia “opinions are like ass holes, everybody has one”

Agora em relação ao blog: finalmente um artigo com sumo para comentar =P ,é destes que eu gosto, em que não se geram consensos rápidos e fáceis. Continua![]